Essa Noite foi Só Humilhação

Querido diário, eu me apaixonei por ele a primeira vista. Em plena segunda-feira, se não me falha a memória, dia 16 de maio eu fui ao hospital, me refugiar das obrigações, e procurar cura para as minhas feridas. Aí eu conheci um loiro, grande, forte, não tão bonito, mas cheio de graça aos meus olhos. No dia em que eu o conheci, eu me senti aquecida por dois sóis, eu vi dois sóis brilhar na minha vida.

A ele eu dei nome de anjo, e o posto de dono dos meus sonhos. Chamei-o de Miguel e lutei para trazê-lo para a minha realidade.

No dia em que eu o conheci, eu saí sem telefone, MSN, nada dele, absolutamente NADA dele. A sensação era de se apaixonar por um alguém que atravessou a pista no sinal vermelho e que nunca mais iria passar pela sua frente. Eu me apaixonei por um alguém que não fazia parte da minha vida.

Cara, eu fiz tanta coisa para trazer esse homem pra minha vida...como a gente estuda no mesmo lugar, eu ia catar o nome dele na listinha de livros da biblioteca, só pra poder saber o sobrenome dele e ir procurar no orkut, mais tarde eu soube que ele nem tinha carteirinha da biblioteca, eu nunca iria reencontrá-lo desse jeito; procurava o orkut dele em muitas comunidades de engenharia civil, da instituição onde estudamos, e nunca encontrei, mais tarde ao ter o orkut dele eu vi que ele não participava de nenhuma dessas comunidades, eu nunca iria encontrá-lo desse jeito; saía mais cedo da universidade pra chegar mais cedo na outra instituição onde estudamos pra vê se conseguia reencontrá-lo e nada, uma vez fui até em uma das coordenações pra saber em que sala estava a turma do primeiro período de engenharia civil, fui até a sala e por minha surpresa, estava vazia; no dia do meu aniversário eu soube que ele iria pra um show aqui da cidade, fiz planos de ir na esperança de reencontrá-lo, e meus planos foram de água a baixo.

Até que um dia um amigo que a gente tem em comum disse que Miguel tinha conseguido uma bolsa numa universidade em sua terra natal e estava indo embora. Eu vi meus sonhos acabarem, aí eu chorei e tive plena convicção de que eu sou mesmo azarada no amor, que no dia em que encontrei o tipo de homem que sonhei, ele iria embora. Depois, tudo se esclareceu e vi que essa história era apenas um mal entendido.

A minha melhor amiga me ajudou muito, foi atrás de um menino que ela nem conhecia, que ela nunca nem tinha falado com ele, pra pedir o número de telefone de Miguel. Ela conseguiu. Na primeira vez em que liguei pra ele eu vi de novo dois sóis brilhar na minha vida. Aí em diante, o homem dos meus sonhos, aquele que eu dei nome de anjo, passou a fazer parte da minha realidade e o sol virou chuva. Eu senti a frieza de muitas tempestades.

Dia 15 de agosto foi a primeira vez em que fiquei com Miguel, posso adiantar que a primeira e penúltima. Fomos para a cama. Eu não perdi a virgindade e mesmo assim a tarde foi muito gostosa. Apaixonei-me ainda mais por ele.

Aí então, Miguel viajou para a terra natal e passou 3 meses lá. O nosso contato foi apenas por MSN, telefone e recheado de muitas, muitas brigas. Pensei até que a gente não fosse ficar mais. Entrei numa fossa, já estava até planejando enviar um buquê de rosas pra ele. Até que um dia ele atendeu a minha ligação e disse que ainda me queria sim. Não queria não, apenas a fome falou mais alto que a desvontade.

Há uma semana estávamos planejando nos ver. E nunca dava certo, ou eu tinha aula, ou ele também tinha, ou eu não podia sair de casa. Esse adiar me preocupou, eu pensei: −Se continuar esse adiamento, o tempo vai passar, a gente vai brigar antes de ficar novamente.

Então resolvi que hoje eu iria ver Miguel de qualquer jeito. Eu não estava nas mais perfeitas condições quando ele me ligou perguntando se eu iria e eu disse que sim. Eu tava com as pernas peludas, com a x*** peluda, com o c* peludo, ia ter que depilar tudo isso nas pressas; tava com preguiça, hoje não estava com tanto libido como nos dias anteriores; tava morrendo de cansaço; e ainda teria que perder aula. Superei tudo isso e fui ver o meu amado.

Atrasei-me bastante, depilando aquelas coisinhas que citei acima, cá entre nós, passei tanto sabonete na buceta que ficou até ardendo, lavei primeiro com sabão em barra, depois com um sabonete íntimo e depois com um sabonete líquido lux com aroma de guaraná. E totalmente depilada, da barriga pra baixo, de frente e de trás. Tudo isso pra ele, para o meu benzinho.

Cheguei no ponto de ônibus, não tinha um pé de pessoa, fiquei lá esperando ônibus, correndo risco de ser assaltada. Tudo por ele, pelo cara que lutei pra trazer para a minha realidade.

No ponto em que também desci do ônibus, não tinha um pé de pessoa, e fui andando nas ruas perigosas, correndo risco novamente de ser assaltada. Tudo por ele, pelo cara que eu engoli cobras e lagartos, as piores grosserias e continuei amando.

Miguel foi me buscar no lugar marcado. Chegando lá não me deu nem um abraço. Eu que cobrei, perguntando: −Oxi, vão vai me dar nem um abraço? / E aí, ele me abraçou.

No caminho até casa dele com a cara fechada, como que irritado. E falei: −Poxa, Miguel, você tá com uma cara meio amarrada, tudo isso só por que eu me atrasei?

Ele disse: −Não, é que eu tô com uns problemas aí e meio cansado.

Chegamos na casa dele, eu coloquei a minha bolsa numa cadeira, fui tirar minhas sandália, relógio, brincos e ele disse que ia ao banheiro. Acho que deve ter ido ou dar uma lavada no bichinho, ou tirar a cueca. Porque ele voltou com short, porém, sem cueca.

Perguntou o que eu gostava de ouvir. Eu disse que escutava de tudo. Não, eu não curto músicas românticas na hora do sexo. Porém, é bom uma música light, Rita Lee seria uma ótima pedida. Ele colocou um funk horroso, do tipo “come ela de quatro, assim e assado”, já comecei a odiar daí.

Sentou no sofá, e eu sentei em cima dele e o agarro começou aí. Porém, péssimo. Ele com a mesma história: −Vou deixar você fazer o que quiser, quero ver se você sabe... /e sexo tem o que saber, ô idiota, tem o que curtir.

Mas também foi nesse momento que eu senti a satisfação de sentir o cheiro dele, tocar na pele dele. Coisa que eu dormi sonhando várias vezes.

Ele veio dizendo que queria transar, numa brutalidade mais aguçada que a primeira vez, que sinceramente, eu pensei que dessa vez ele iria transar comigo à força. Até aí tudo bem, eu curto que me bata e puxe meu cabelo. E ele faz isso na medida certa.

Eu adoro chupar pescoço do cara. Ele puxava meu cabelo, pra eu parar de chupar o pescoço dele pra não deixar marcado.

Fechava a boca, sabe, mal deixava eu beijá-lo. E ainda depois disse: −Vem cá, que eu vou te ensinar a beijar direito. / Você entende, diário? Ele fechava a boca pra eu dar um beijo de quinta, e depois ele beijava dizendo que tava me ensinando a beijar, a intenção dele era me humilhar.

E daí pra baixo. Ele não deixava eu fazer nada. Ficava me dizendo tudo que eu tinha que fazer. Dizendo que tava me “ensinando”... e eu odiando esse ato soberbo dele! Ridículo!

Na hora do oral, lá tava ele falando merda de novo, eu querendo chupar do meu jeito, e ele dizendo faça assim, assado. Geralmente, eu fico passando a língua na glande, depois sugo a cabeça, e coloco o pênis inteiro dentro da boca. Na hora que eu ia engolir, ele dizia: −Não, não engole agora não! / Ah, que porra, deixa eu engolir esse caralho em paz. Não falei, mas minha cara demonstrava que eu não tava gostando do que ele tava fazendo, me ensinando tudo que eu sei fazer muito bem.

Dessa vez ele não se deu nem o trabalho de me levar pra cama. Aconteceu tudo no tapete da casa dele.

Ele se deitou e eu fiquei em cima dele roçando, e ele mais uma vez com a idiotice de querer ser o professor: −Tá vendo, que você sabe fuder!

Eu gosto do jeito que ele me bate, puxa meu cabelo e chupa meus seios. Mas também só isso.

No tapete, ele ficava chupando meus peitos, e eu o mandeiele colocar todo dentro da boca, ele fez isso e foi um dos poucos momentos que eu senti tesão.

Na hora do oral ele fez o famoso cheque-cheque, que ele sabe que eu detesto! Pra os leitores que não sabem, o que eu chamo de cheque-cheque é o ato de o homem movimentar os quadris na hora do sexo oral como se estivesse enfiando numa buceta. É nesse momento que nós mulheres paramos de fazer oral e apenas recebemos um pinto na boca. Eu particularmente, detesto! A maior parte das mulheres não gostam nem de chupar o pinto quanto mais disso, eu adoro chupar, porém, detesto o cheque-cheque, mesmo sabendo que eu não gosto ele fez questão de fazer.

Na hora do oral, ele perguntou se eu queria que gozasse na minha cara, eu disse: −Goze na minha boca! / Pois bem, diário, você acredita que ele gozou e eu nem senti. De repente ele me pergunta: −Engoliu tudo?

Acho que confundi a gala com o líquido pré-ejaculação, eu senti uma coisa na minha boca, mas não imaginei que fosse esperma. Ou talvez, a gala dele é rala demais. Ou talvez, realmente, é como me disseram uma vez, gala não tem gosto de nada.

Eu imaginei que depois que ele gozasse, eu estaria no divã, que seria a minha vez de receber prazer. Você acredita, diário, que ele nem tocou na minha buceta? A buceta que eu passei horas depilando cada fiozinho de pêlo perdido, que eu passei tanto sabonete que ficou até ardendo, que eu levei com 3 tipos de sabonete pra ficar bem cheirosinha. Ele não fez a mínima questão nem de ver.

Eu falei pra ele que não precisava nem chupar, mas que eu não poderia sair dali sem uma massagem no clitóris. Ele fez de conta que não ouviu.

Mas como sou teimosa, persistente e insistente, tirei a calcinha, fui pra cima dele, e ele disse que não, que já tinha gozado e não sei o quê. Irritei-me, vesti a calcinha novamente.

Mas ainda fui agarrar ele de novo, ele disse que não, que tava cansado, que tinha 2 trabalhos pra fazer ainda, que o pai dele tava com problemas, que não tava conseguindo nem se concentrar. E começou a meio que me expulsar da casa dele, dizendo que ia ficar tarde pra mim, que ele ainda tinha muita coisa pra fazer. Essa noite na casa dele foi só humilhação.

Enquanto catava as minhas roupas espalhadas pela casa, eu dizia: − Poxa, Miguel, eu achava que ia ser bom.

Ele deu um sorriso sarcástico, e disse:

−Você achava que ia ser como na primeira vez, né?

Aí lembrei que na primeira vez, eu recebi oral, rolou banho juntos, que ele não foi idiota como dessa vez. E disse:

−Eu imaginava que ia ser melhor.

Ele disse:

−Isso é pra você aprender!

E eu pensava, “aprender a não fazer mais nenhum sacrifício por você”. E perguntei:

−Aprender o quê?

Ele deu outro sorriso sarcástico e disse:

−Você não sabe o quanto você me estressou com essas brigas quando eu estava em Salvador.

Essa noite na casa de Miguel foi só humilhação.

Depois de praticamente me expulsar da casa dele, ele me levou ao ponto de ônibus. Peguei o ônibus e vim pra casa, pensando e desejando que um dia ele se arrependa de cada grosseria que fez comigo, por não ter se preocupado com o meu prazer, por ter perdido a chance. Aliás, um dia ele vai se arrepender, o mundo dá muitas voltas e um dia ele vai comer o lodo que sair do meu pé.

Cheguei em casa, sentei na minha cama, tentei não ficar triste, mas as lágrimas começaram a cair. E comecei a pensar no amor que eu nunca esqueci. Se Herivelton não tivesse me abandonado eu não estaria passando por isso, eu não estaria procurando amor em braços errados, eu não teria feito tanta besteira que eu fiz por desespero, pelo desespero de ser amada, coisa que eu nunca fui. Hoje em dia ele tá namorando há um bom tempo, num relacionamento tranqüilo que provavelmente vai ser o futuro casamento, ele se formou, está trabalhando. A minha vida profissional regrediu, não sou mais a mesma pessoa determinada de antes, eu perdi o equilíbrio da vida, e no amor, eu continuo sozinha.