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quarta-feira, setembro 14, 2011

A Fera e O Caçador



Hoje faz exatamente um mês que eu caí nas suas garras como um animal faminto seduzido pela armadilha de um caçador. Um caçador alto, forte, loiro, galanteador e jovial.

Esse caçador agiu naturalmente, com espontaneidade, com um brilho no olhar, com um flerte doce e discreto até perceber que a fera estava em suas mãos, esperando ser apoderada.

Essa fera é pequena no tamanho, mas enorme na doçura. É uma fera ingênua, com uma malícia presumível e com a inocência de uma criança. Essa fera é cobiçada por outros caçadores devido a sua carne volumosa e a sua sensualidade oriunda.

A fera resistiu à armadilha de outros caçadores mais bonitos e mais gentis, e foi se render logo diante da força desse jovem caçador.

O caçador se sentiu excitado com a ousadia da fera, e a fera se sentiu rendida com as armas do caçador. E assim, sem medo, sem pudor, sem vergonha, o caçador e a fera se entregaram numa tarde ensolarada como se o dia não fosse anoitecer. Ambos conheceram os corpos um do outro com as mãos, com a língua, com o olfato e com a audição a ouvir os gemidos exaltados do prazer.




O caçador se sentiu alimentado com o corpo da fera e satisfeito com o descaramento da mesma, mas continuou vivendo normalmente como se não tivesse conhecido uma fera dócil. E a fera, ah... a fera! A fera passou dias suspirando pela volúpia do caçador, lembrando de cada momento, de cada detalhe, do olhar do caçador que parecia devorá-la, de cada palmo do corpo dele. E a fera esperou, esperou, esperou que o caçador voltasse com a mesma fúria de deixá-la nua, sem temor, sem pudor e sem vergonha. E o caçador não voltou.

E assim, ainda possuída pela insensatez da paixão, a fera decidiu sair da floresta e procurar o caçador em outro canto.

E assim ela colocou a sua melhor pele, o seu melhor sorriso, a sua melhor harmonia e foi à procura do seu desejado caçador. Ela esperava encontrar a mesma vibração, a mesma sintonia, o mesmo fogo que tinha se acendido dentro dela. Ela queria escutar palavras ao menos sacanas que a fizesse lembrar do prazer daquela tarde, que funcionasse como brasa em meio ao fogo. Ela queria continuar se excitando com o jovem caçador.

Ela esperou encontrar vibração numa estátua... esperava encontrar sintonia, onde não havia harmonia... esperava encontrar o mesmo fogo dentro de uma geladeira. Ela queria escutar palavras quentes e ouviu as palavras mais frias e mais baixas que já tinha ouvido em sua vida.

A temível, forte e formosa fera se sentiu tangida como um rato, como um animal inútil, desnecessário para a mais inferior caça.

Essa fera é apenas uma garota cheia de várias faces, uma mulher romântica, fogosa e sonhadora. E esse caçador é apenas um homem imaturo, grosso, cheio de pré-conceito, de pré-idéias, que não merece a doçura da fera.

E a fera ainda deitada ou parada nos seus pensamentos ainda lembra da arma do caçador. Ele totalmente despido em sua frente, armado a ponto de bala, fechando a janela para ninguém ver o disparo da sua munição. Ela lembra de cada pontinho de pelo que apontava na pele raspada do caçador, desde o peito até a virilha, daquele órgão tão pequeno, tão delicado, tão rosa e tão gostoso de chupar. Durante toda a tarde, a fera chupou como se o mundo fosse derreter.

Mas isso são apenas lembranças de um sexo normal, que foi prazeroso, que não tem motivo pra ser esquecido, mas que não vai mais se repetir, porque ele pode até ser caçador, mas a fera sou eu. A fúria da indiferença quem sentiu fui eu.

Eu que fui destratada, que ouvi palavras grossas e baixas, que recebi ofensas quando queria receber apenas carinho.

E o pior que quando ele se sentir sozinho ou me ver por aí com uma blusa decotada, com uma roupa mais ligada, esbanjando sensualidade ele vai querer de novo, vai sentir vontade de tocar o meu corpo, de puxar meus cabelos, de me ter nua de novo numa cama. E eu vou responder: NÃO!

Eu poderia responder um não devolvendo o troco na mesma moeda, com palavras baixas e grosseiras. Eu poderia dar um não demonstrando a minha tristeza, dizendo que eu fiquei magoada com as palavras que ele me disse. Mas para evitar brigas, discussões, rebaixamento, eu vou dar um não bem sutil. Vou apenas dizer que as coisas entre nós esfriou e que eu não tô mais afim, que não quero mais. E isso é apenas um não...

Um não porque eu não quero mais preocupação, coisas que me fazem mal, que me deixam contrariada. Eu quero é tranqüilidade, respirar o bom ar da liberdade, poder demonstrar na minha face o alívio da felicidade. Eu digo não porque preciso me conformar com as coisas como elas são, com mais tolerância, com mais aceitação, com menos apego. Eu digo não porque eu não preciso de você por perto pra me sentir bem.

Eu sou uma fera da mais enigmática selva, eu tenho o poder e o domínio sobre o meu mundo, e não vou permitir que nem esse, nem outro caçador, entre na minha selva e faça baderna, brinque com a ternura das várias faces, porque na minha vida entra quem quiser, mas eu que escolho quem nela deve permanecer.



4 comentários:

  1. Fiquei viciado em seu blog, virou leitura obrigatoria todas as madrugadas antes de ir para a cama, mas as cuecas estao reclamando pois esta havendo muita movimentação a noite por causa de suas postagens.

    um abraço.
    http://paulosergioembuscadotempoperdido.blogspot.com/

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  2. Hahahahahahhahaha é minha amiga, um dia somos caçadores mas no outro podemos ser a caça, hahahahahhaha. Muito bom seu texto, parabens!

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  3. Ao caçador, o comum é caçar quantas feras lhe surgirem à frente. Cabe à fera ser abatida pelo caçador uma única vez...
    A não ser que... a caça escape e o abata antes.
    Ambos caçam, mas o caçador é o dominante sobre a fera. Ele caça pelo prazer da caça. A fera só domina sua própria caça -estritamente quando precisa caçar- e não raramente adormece faminta.
    O caçador é frio, objetivo e calculista, a fera é de ocasião, ingênua e instintiva.
    Aqui, quando a natureza não segue seu curso, o amor acontece. Ninguém caça e ninguém é caçado.
    Ninguém vê sentido em ser...

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  4. Intenso...Paralizante..sensual..adoreii =)

    www.aspirantesapoetasurbanos.blogspot.com

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