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sábado, julho 23, 2011

A Flor Ferida



Querido diário, a amizade é a mais forte e mais pura atração que um ser humano pode ter por outro. Digo pura porque não necessita de carne, não necessita de contato, não envolve sangue e esperma. É algo tão puro como qualquer substância saindo de um destilador. Digo forte porque é indestrutível, ninguém deixa de ser amigo de outro por causa de uma decepção. Por mais que se distancie, não vai passar a odiá-lo, vai continuar amando e lhe desejando um bom destino, porque a amizade é o encanto que não acaba nunca.



Mas amizade por mais indestrutível que seja é como uma flor, que precisa ser cuidada, regada, alimentada. É claro a amizade assim como uma flor precisa de atenção pra continuar viva.


Eu sou amiga de Agnaldo há 3 longos anos e 7 longos meses. Ele de fato foi um amigo preparado pelo destino, pois foi uma das primeiras pessoas a conversar comigo e foi uma pessoa que marcou a minha vida e que compartilhou comigo coisas que são só minhas.


Em 2008 eu entrei numa escola de freiras onde eu era novata e foi aí que eu conheci Agnaldo. Nos conhecemos de fato na sala de informática, quando eu estava vendo uma foto de meu ídolo da época que era Raied Neto e ele me falou que uma das amigas dele era fã de outro artista da mesma banda. Ele tinha aquele jeito ligeiramente extrovertido, e isso era engraçado, diferente, único, às vezes chegava a irritar, mas eu nunca tinha conhecido uma pessoa assim na minha vida.


Ele era muito amigo de duas meninas, duas patys da escola Luiza e Paola. E amizade deles eram tão intensa que eu achava que havia mais que amizade naquele ciclo, e eu não era a única todos pensavam a mesma coisa. O tempo traz todas as respostas e mais tarde esclareceu-se o fato de a amizade dele ser mais firme com meninas.


Com o tempo eu também passei a ser muito amiga desse menino. E eis que então ele era amigo de Luiza, Paola e Garota de Várias Faces. Mas a preferida, ele sempre deixou claro, era Luiza. Ele dizia que Paola e Garota de Várias Faces eram amigas, colegas, mas que Luiza era como se fosse uma irmã pra ele. E eu, claro, sentia muito ciúmes ao ver com os meus próprios olhos o que ele não escondia, e fiquei muito mal quando ele falou na minha cara que gostava mais de Luiza .


Não que eu esteja falando que o motivo do carinho dele seja o mesmo. Mas essa Luiza tinha muita popularidade na escola, além de ser bonita e gente boa, era filha de um vereador da cidade, era adorada por todos. E eu tenho certeza que nem todos que se aproximavam dela era uma amizade verdadeira. E hoje isso ainda é assim, não mudou.


Só que Luiza saiu da escola, Paola reprovou, e eu era a única amiga mais próxima de Agnaldo. Pelo fato de elas terem se afastado, eu sinto que a nossa amizade se intensificou.


Mas era aquela amizade de Ton e Jerry. Ele é intolerante, eu tenho o pavio curto, e tanto eu como ele temos a mania de descontar nos outros os nossos problemas, e por esse motivo, a gente brigava quase todo dia. Era grosseria encima de grosseria, chingamento embaixo de chingamento, e a amizade permanecia.


E assim no último ano de convívio diário, no momento que a gente ia se separar, foi que passamos ver o quão forte e tão pura era a nossa amizade. Era com ele que eu desabafava as minhas indecisões de vestibular, e minha decepção amorosa com Herivelton. Acho que eu sempre fui mais amiga dele do que ele meu. Eu contava tudo. E ele sempre com o fone de ouvido escutando o Queen, mas calado como se escondesse alguma coisa e não tivesse a coragem de contar.


Na aula da saudade, ele chorou nos meus ombros, e eu não entendia o motivo do choro. Eu que estava alegre porque ia sair daquele lugar que era mais um cativeiro do que uma escola, me lamentando apenas por não ter traçado um X no coordenador e ele chorando. Aquele choro era um desabafo, uma tentativa de extravasar sentimentos abafados, o fato de estar saindo de um lugar onde ele construiu uma história, onde ele viveu momentos bons, o fato de não ter sido aprovado no vestibular, as confusões bissexuais que rondavam a cabeça dele, o medo do preconceito das pessoas. Tudo isso ele extravasava nos meus ombros que estavam sempre a disposição para tudo que ele precisasse.


Quando o nosso convívio diário de fato acabou a nossa amizade permaneceu e ainda ficou mais forte. Isso é uma prova que é realmente amizade. Luiza que era a preferida dele, quando saiu da escola a amizade despencou, e quanto a mim, o fato de termos nos separados não abalou a nossa amizade. Eu me tornei uma pessoa tão mais confiável para ele que ele acabou me revelando o segredo da vida dele: era bissexual. Eu não tive como surpresa.


Eu não confiei nele o suficiente para revelar o segredo da minha vida, tinha medo, insegurança, sempre queria deixar pra depois. Tanto pra depois que ele acabou descobrindo sozinho que eu era a dona desse blog, e hoje ele é uma das pessoas que compartilha comigo o segredo das várias faces.


E durante esse tempo de amizade a minha mão esteve estendida para que ele pegasse não soltasse nos momentos de dificuldade. Eu ofereci minha ternura, meu amor, minha paixão para ele porque a amizade é o encantamento que não acaba nunca. Há quem me pergunte se o que eu sinto é só carinho mesmo, e eu digo com certeza que sim, não é amor carnal, não existe atração física, é apenas o sentimento de uma verdadeira amizade.


Mas Agnaldo deixou essa doce e terna flor morrer. Esqueceu, foi indiferente, não alimentou, não deu a atenção devida. Quando essa flor disse que ia embora arrancando violentamente as raízes, ele não disse nada, foi completamente indiferente, como se essa flor nunca tivesse tido importância nenhuma na vida dele. Essa flor se sentiu ferida, sofreu, chorou, passou por maus momentos, se sentiu perdida, sentiu a falta dele, teve vontade de ligar pra ele. E não ligou, porque essa flor tem orgulho dentro do peito, não abaixa a cabeça quando sabe que tem razão. Foi ele quem matou essa flor.


Mas ele não esteve só, se alimentou muito bem e teve toda a atenção que precisou. O namorado esteve ao lado dele, enquanto eu permaneci só, comendo o pão que o diabo amassou. Foi por pressão do namorado que ele voltou a falar comigo e apenas para dizer que vai embora do estado.


O que eu tenho a dizer? Vá com Deus.


Vai ser indiferente, porque tem mais de um mês que ele esteve longe de mim e não sentiu a minha falta, isso vai ser só uma continuidade desse tempo, dessa escolha que ele fez de viver sem essa flor. Vá com Deus, e seja consciente para não ferir mais nenhuma flor.






Outras postagens sobre Agnaldo:

http://diariodagarotadevariasfaces.blogspot.com/2011/06/adaptacao.html

http://diariodagarotadevariasfaces.blogspot.com/2011/03/loucura-de-amor.html

8 comentários:

  1. As flor ficam marcando, o povo deflora o botão.

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  2. Lembrei- me de um amigo com este nome.
    Nada na vida são flores.As flores também possuem espinhos.
    A amizade quando é verdadeira dura...

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  3. Quase morri lendo, mas achei muito sincero <3

    to seguindo teu blog, se puder segue de volta e comenta, please *-*

    www.luliskd.blogspot.com

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  4. COLÉGIO DE FREIRAS É? HUMMMMM... CONHEÇO ALGUNS. ADORO SUAS PISTAS.

    TEM UM TEXTO INTERESSANTE NO MEU BLOG. LEIA.

    http://thebigdogtales.blogspot.com/

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