Sempre
estive sozinha por toda minha vida, isso é fato, não sei porque a solidão ainda
me amedronta. Sempre estive sozinha com os meus anseios, medos, sonhos,
utopias. Sou o que sou e só quem me conhece de fato sabe quem sou. Uma pessoa
extremamente vaidosa que jamais quer morrer careca, desfigurada ou frágil numa
cama; uma menina que sonha com muitas coisas, que tem competência para
conseguir, mas perde o foco em meio às emoções; uma mulher que se apaixona
intensamente no medo de ficar sozinha ou ser vítima das situações, que sempre
perde pelo medo de perder. Só quem convive na mesma casa, está comigo nos
momentos de dificuldade e quem se deita comigo na cama e me promete sonhos é
que me conhece de verdade.
Hoje,
aos 20 anos, eu poderia estar no quinto período da faculdade, em algum curso
aprimorando meus idiomas estrangeiros, técnica em química com diploma na mão
quem sabe até trabalhando. Tive muitas chances de crescer, de subir degraus,
mas me prendi à coisas que não valiam a pena, que apenas sugavam as minhas
energias, mas não me traziam a verdadeira felicidade. Eu não sou uma pessoa
feliz.
Três
vezes em que eu amei, eu amei de corpo e alma, esqueci da razão, machuquei por
tanto amar. Fui intensa e sonhei, fiz planos para o futuro que nunca saíram do
papel, fiz de tudo para estar perto, achava que estava tudo sob controle,
quando vi, estava totalmente entregue.
Os
dias passam, eu percebo que o desprezo de Giovanni diminui, mas não o traz de
volta para mim. O meu arrependimento aumenta, o ressentimento também, a dor, o
vazio, de querer fazer as coisas mudarem, sem poder fazer nada, só o tempo pode
fazer algo por mim.
Se
eu não tivesse me relacionado com Giovanni, eu não teria brigado com colegas de
trabalho, não teria feito escândalos, não teria comprometido seriamente a minha
vida profissional eliminando as chances de ser contratada futuramente. Mas
mesmo assim, eu não me arrependo de ter me relacionado com ele.
Se
não fosse com ele, teria sido com qualquer outro. A empresa onde estagiei é
muito grande, a quinta maior do mundo, cheia de homens inteligentes e
interessantes, com certeza, eu pensava em conhecer alguém bacana.
Ele
desde o início foi a pessoa mais gente boa comigo no laboratório, elogiava o
meu trabalho, que modéstia parte, eu realmente fazia com empenho. Logo criamos
uma amizade, ele me falava muitas coisas da vida dele, sobre trabalho, a
faculdade de filosofia, bandas de forró que ele empresariou, falava inclusive,
de uma “namorada” que ele tinha no mesmo bairro que eu.
Comecei
a admirá-lo e a ter um carinho muito grande por esse homem que era tão
carinhoso e gentil. Ele também gostou de mim, no início claro como amiga, uma
estagiária competente, uma pessoa que ele gostava de conversar. Mas eu o despertei
seus instintos de homem com a minha beleza, com o meu perfume, com o meu jeito
audacioso de olhar que deixava dúvidas no ar se era puritana ou devassa.
E
a nossa amizade evoluiu, para abraços demorados, cheiros no pescoço. E de
repente a gente estava sentindo um desejo que ardia, que a gente tentava
abafar, mas não conseguia.
Eu
tentei deixar pra lá, ele com certeza, também não queria se envolver com alguém
de lá, mas foi inevitável, conversamos carinhosamente durante um bom tempo, até
marcarmos e ficarmos.
Na
primeira vez em que fiquei com ele, tentei ir mais bonita do que todos dias,
como ele me via lá no laboratório, com cabelos longos escovados, maquiagem
forte, mas com roupa composta, no cuidado de preservar a minha imagem.
Marcamos
de tomar um açaí, e ele me surpreende me levando para a casa dele, praticamente
a força, porque eu não queria.
Chegando
lá, ele me surpreende mais uma vez, Giovanni não estava interessado em sexo
conversamos muito e ele não tentou nada que eu não quisesse.
Ficamos
na varanda da casa dele, de uma forma até ousada por ser um final de semana, e
o condomínio um ambiente familiar. Mas repito, Giovanni não fez nada que eu não
quisesse até chegarmos ao quarto. Pegou na minha bunda porque eu deixei, roçou
porque eu gostei, não pegou nos meus seios porque eu não deixei naquele dia,
mas fiquei na janela do quarto dele, e ele me agarrando impulsivamente começou
a roçar o instrumento dele na minha... e eu sentia aquela coisa grossa que
roçava no meu clitóris, tinha vontade de ver, pegar, mas não fazia nada disso
para zelar pela minha reputação. Mas até quando eu conseguiria me controlar?
Depois
disso, ele caiu na cama com um sorriso de orelha a orelha como se tivesse a
certeza que iria me comer naquele momento, e eu com medo, insegura, e sem saber
como dizer que era virgem. No meio do amasso, eu soltei: −Giovanni, não vai dar
para gente transar hoje não... porque eu sou virgem!
Ele
se demonstrou muito surpreso, deu uma risadinha disfarçada como se não
estivesse acreditando, me beijou a testa e disse que eu era muito especial por
ter me guardado por tanto tempo.
Adorei
ter ficado com ele, me deixou ainda mais encantada.
Nos
dias seguintes no laboratório, ele me atentava, eu o desejava, mas fazíamos por
onde disfarçar o que rolava. Infelizmente, o disfarce não durou muito tempo,
uma vez ao comprar uma bolsa para mim no meio dos nossos colegas de trabalho,
ele me pediu um selinho e eu dei, e aí todo mundo ficou sabendo. Isso sim eu me
arrependo profundamente e tenho certeza que ele também, se tivéssemos ficado em
segredo eu não teria comprometido minha vida profissional e ele talvez, teria
mais paz.
Me
envolvi e era muito gostosa a nossa relação, era uma emoção que eu não sentia
faz tempo. Mas eu estava apenas curtindo o momento, curtindo um cara que também
me curtia.
Tive
a certeza que estava apaixonada por ele na terceira vez em que ficamos, e fomos
para cama. Quase enlouqueci de prazer, me agarrou de uma forma tão impulsiva,
cheio de vontade, me deixando nua, que até o ar condicionado esquecemos de
ligar. Eu sentia os restígios de barba arranhar minhas partes mais íntimas me
deixando louca. Ele tinha um cheiro tão gostoso que eu nunca senti na vida, um
cheiro de cigarro misturado com perfume. O pênis era grande e grosso do jeito
que eu gostava, chupava não, me deliciava, via ele estremecer na cama de tesão
e chupava até gozar na minha boca.
Giovanni
foi o homem que até hoje mais se aproximou de tirar minha virgindade. Eu abri
as pernas, mandei meter, disse que tava pronta, ele tentou, forçou, não
agüentei de dor, senti, doeu, ardeu, implorei para que parasse, isso na
primeira vez, na segunda mesmo ardendo eu coloquei na cabeça que aquela dor era
necessária, e que toda mulher passava por aquilo, Giovanni ia metendo, eu
gritando, mas não pedia para parar, mandava ele continuar e ele parou porque se
sentiu inseguro. E desde então, nunca mais nos vimos como homem e mulher, apenas
como colegas de trabalho.
Meu
sonho, minha paixão e meu tesão naquele momento era ele. Eu me preparei
piamente para aquele momento, comprei várias lingeries umas bem delicadas tipo
virgem, outras de dama da noite, comprei anticoncepcional comecei a tomar, já
que faríamos sexo sem camisinha (optei também correr esse risco por tesão e por
amor). Eu sentia falta de Giovanni o tempo todo, também reconheço que não dava
sossego ao homem, mandava mensagem todos os dias e ligava para ele várias vezes
ao dia, e também aprendi que nenhum homem gosta de mulher que se arrasta. E na
minha cabeça o que mais rodava era sexo, tesão, várias vezes eu dormi e tive
sonhos eróticos com ele, tamanha era a vontade de transar com ele.
E
ele me negou justamente isso o que eu mais tinha vontade, transar com ele. Teve
medo de estourar o meu cabaço e ter que assumir a responsabilidade de um
compromisso. Eu nunca disse que para transar precisava namorar. Mas tamanho era
o pavor que ele tinha de mim, que ele teve MEDO disso. De tudo, o que mais me
dói é isso.
Já
começou a doer quando se aproximava o fim do estágio, o medo de perdê-lo, de
sentir o vazio que estaria presente nas minhas manhãs na falta do alto astral
dos meus colegas de trabalho, eu acordava muito cedo, às vezes me chateava com
algumas atitudes de pessoas de lá, mas era muito divertido, me completava, me
fazia sentir mais viva. Inevitável, era previsível que o estágio iria acabar,
isso eu esperava, mas eu queria que o meu relacionamento com Giovanni
continuasse.
Até
hoje eu não entendo as razões por ele ter me deixado. Não sei se era outra
mulher ou se ele se sentia pressionado, ou se o motivo era as duas as coisas.
Será que eu sou feia, será que sou ruim de cama, às vezes essas dúvidas ficaram
martelando em minha cabeça, afetando a minha auto-estima.
E
ainda por cima, descobri que a “namorada” que ele tinha aqui é uma loira de
profundos olhos azuis que tem uma bunda maior que a minha. Ainda não tenho
certeza se é essa menina porque me disseram que a namorada dele era magrinha,
mais magra do que eu, e essa não, tem um corpão. Mas para todos os efeitos para
mim é ela, loira de olho azul, que mora atrás do campo e que o pai trabalha na
mesma empresa que ele. Uma rasteira na minha vaidade.
Eu
já tinha medo de perdê-lo quando acabasse o estágio, ele parou de me atender o
telefone e minha mãe ainda botava uma pilha dizendo que ele tava rezando para
acabar o estágio para ficar livre de mim. Fiquei muito nervosa, estressada, com
ego ferido, briguei, xinguei, falei para ele coisas que não se diz nem a um
cachorro.
E
o pior de tudo, ele ficava em silêncio abrindo ainda mais a minha ferida.
Para
desabafar e extravasar a raiva coloquei várias coisas nas redes sociais, uma
delas a seguinte frase “Tudo cansa nessa vida, e de homem mole então a gente
cansa mesmo”. Essa frase repercutiu no ambiente de trabalho, provocando um
péssimo mal estar.
Me
arrependo sim do que fiz. Se tivesse oportunidade pediria desculpas para ele na
frente de todo mundo que fez esse assunto repercutir para tentar reparar o meu
erro. Mas venhamos e convenhamos que se Giovanni tivesse me atendido o
telefone, me tratado como gente, nada disso teria acontecido, mas mesmo assim
não justifica o que eu fiz.
Uma
coisa que eu fiz no calor da raiva, numa dor de corno da desgraça, mas que eu
vou me arrepender pelo resto da minha vida.
O
que mais me provoca arrependimento, pesar, é que eu magoei o coração do homem
que eu amo, do cara que eu gostava, e ainda mais com o absurdo que é para os
homens, se referir a virilidade deles. O que eu fiz foi nojento, uma atitude
completamente impensada. Mas mesmo assim eu quero perdão.
Estou
com saudades dele, do beijo dele, do abraço, da emoção que eu senti nesses 3
meses.
Se
ele voltasse eu iria TENTAR ligar menos, cobrar menos e aceitar as condições de
um relacionamento casual, de uma aventura ocasional. TENTAR, porque eu sou
intensa demais. Talvez tenha sido mesmo melhor ter terminado tudo, não sei ter
as coisas pela metade, eu gostava dele de verdade.
Vou
essa semana na empresa entregar meu relatório, oportunidade única de revê-lo,
não sei como vai ser, não sei se vou conseguir conter as lágrimas, se ele vai
olhar na minha cara, ou se mais uma vez a gente não vai se resistir como era
nas outras vezes em que a gente brigava. Comprei uma lembrança, talvez ele nem
goste por não ter nenhum vínculo com a religião, mas eu adoro dar presentes que
tenham um significado. Comprei uma imagem pequena da minha Mãe Yemanjá na gruta
para que ele nunca esqueça dessa sereia que o encantou, o amou, lhe trouxe
emoção, prazer, mas também provocou decepção e desencantos.
Depois
disso vou tentar uma amizade, mostrar que não sou esse monstro que ele pensa,
que eu demonstrei ser. Se ele não me quiser como amiga, nem como mais nada, eu
vou esquecer essa história para sempre, enterrar esse caso e cremar as
lembranças.
Mas
eu gosto dele e talvez ele goste também, porém, esteja magoado. Metade de mim é
ligada as lembranças de sexo, e da nossa amizade no comecinho, essa metade de
mim é louca por ele, intensa, e não cansa de correr atrás, e é capaz de fazer
qualquer coisa para tê-lo de novo nos meus braços. A outra metade diz que isso
é uma perda de tempo, que enquanto eu fico apenas pensando nas boas lembranças,
ele nunca sentiu um pingo de emoção e se arrepende de ter ficado comigo.
Eu
não vou ter medo do futuro.
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