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segunda-feira, julho 18, 2011

O Sonho e A Realidade


Querido diário, com toda a carga de dor e sofrimento, de insatisfação e desorganização, da grande bagunça que estava a minha vida eu tentei desistir, mas não insisti em desistir. Eu não tive a coragem de acabar com o meu futuro, com meus sonhos, com meus planos, abandonar, desistir, me entregar ao desconhecido, não. Eu preferi ficar acordada diante da tempestade, afinal se chove hoje amanhã o sol virá, ninguém é tão amaldiçoado para sofrer para sempre. Eu me tranqüilizei e preferi ver aquela chuva como nuvem passageira, enxuguei as lágrimas e fui viver, tentar superar o que me limitava.



Fui a um hospital, por dois grandes motivos: o primeiro era fugir dos compromissos que a vida me joga esquecendo que eu não sou máquina, que eu tenho sentimentos, emoções, confusões, que eu tenho o direito de ficar em casa, deitada numa cama se eu não estiver psicologicamente bem; o segundo era me curar de todas as feridas que me doíam, o desespero da desorganização e o assassinato de um coração roubado.


Eu fui com ele. Com o maior e o único homem da minha vida, aquele que esteve ao meu lado para tudo quando eu merecia e quando eu não merecia, o único que me ama incondicionalmente. Na primeira clínica que estivemos eu vi um exemplo de superação, generosidade e bondade que me tocou o coração, que me fez ver que somos todos filhos de um único Deus, que Ele preza por nós e quer que ajudemos uns aos outros e principalmente aos mais necessitados, me fez ver o quanto eu olho somente para o meu umbigo, o quão pouco eu sou generosa. Aquilo me tocou profundamente o coração, me fez ver o mundo com um pouco mais de doçura.


E depois fomos para a clínica que examinaria todas as minhas feridas. Lá eu olhei para os lados procurando comida, lembro-me bem que só vi um homem interessante. Este era casado, acompanhado da esposa e da filha, uma linda, loira e fofa criança. Eu perguntei silenciosamente ao meu futuro, se eu um dia terei uma família tão linda como aquela.


E este foi o único homem que fisicamente me chamou a atenção. Mas apareceu um outro. Alto, branco, um ar muito jovem, camisa cinza e calça jeans. Mas eu senti uma antipatia enorme pelo rapaz, e uma antipatia totalmente inexplicável. Quando ele se aproximou de mim eu juro que senti um cheiro estranho, nem bom, nem ruim, estranho. E aumentou ainda mais a antipatia que eu sentia.


E fiquei lá sentada na cadeira, sem nenhum corpo que distraísse a minha atenção que estava toda voltada para o meu sofrimento. Eu simplesmente não queria comida para comer, queria para olhar, saborear, sorrir.


Fui para sala de espera. E lá vi um outro exemplo que me fez ver o quanto eu sou precipitada, o quanto eu sou doida, mais doida do que aqueles que estão aparentemente loucos. Doida ou corajosa? Qual seria das duas palavras? Precipitada, essa é a mais adequada.


E logo o rapaz que me causou antipatia chegou também na sala de espera. Dessa vez ele veio mais galanteador. Simplesmente o caminhado dele me atraiu, o jeito, o ar esbravejado. Eu não estou falando de uma forte atração, de abrir a fome, não. Apenas uma atração de você olhar e achar um homem bonito. Tirei a minha bolsa de cima da cadeira pra ver se ele sentava do meu lado, mas sentou do outro lado.


Fui atendida. O médico foi compreensivo comigo, em vez de me dar remédios e me mandar logo pra casa que não estava nada doente, me mandou para a sala de observação, para fazer exames.


Quando saí da sala, o mesmo rapaz até falou comigo, me perguntou se o médico tinha chamado mais alguém. Eu que estava fria por tudo que tinha me acontecido no fim de semana, respondi com frieza: − Não, não chamou mais ninguém não.


E me dirigi à sala de observação. Lá vi um senhor enrolado num lençol e me fez lembrar meu saudoso avô, que saudade.


E logo depois o mesmo rapaz chegou também. Sentou em frente a mim. E quando a enfermeira veio com a agulha para me furar, ele olhou para mim. É interessante olhar para uma pessoa que está sendo furada, ver as caras e bocas. Mas uma decepção pra ele porque eu fingi não sentir e dor e não fiz caras e bocas nenhuma. Acho que deixei ele sem graça, quando olhei pra ele como se perguntasse “que é que ta olhando pra mim?”. E ele tirou o olhar, olhando rapidamente para o chão. Parecia um menino, aliás, ele é um menino. Chegou até ser engraçado o que ele fez. Deu-me vontade de rir. E vocês leitores machos do blog, atenção, fazer uma mulher sorrir é a melhor característica que um homem pode ter.


Eu como toda geminiana que se preze comecei logo a conversar, direcionando minhas palavras pra ele e pra uma mulher que estava também na minha frente. Ele e a mulher riram do que eu disse. E ele como todo geminiano que se preze também, continuou a puxar assunto. E conversamos até que eu perguntei o nome dele. Quando ele falou:


− É Miguel.


Eu senti uma sensação quando ouvi ele falar o nome dele. Miguel, era como se o dia estivesse amanhecendo e o sol começasse a iluminar. Eu sorri e falei que o meu era Garota de Várias Faces.


E conversamos e conversamos. Ele falou que não era daqui, que estava aqui por estudos e trabalho, perguntei aonde ele estudava e me surpreendi mais uma vez quando ele disse:


− Escola técnica.


Eu sinceramente vibrei. Soltei um:


−Hã? É? Nossa, eu também.


E conversamos muito sobre várias coisas. Notamos muitas semelhanças um do outro. Ele me contou situações engraçadas que passou quando chegou aqui, e digo e repito, fazer uma mulher rir é a melhor forma de conquistá-la. Conversamos sobre diversos assuntos, e até duvido se o curso certo pra ele é mesmo Engenharia Civil, talvez fosse Publicidade e Propaganda porque ele vendeu o peixe dele muito bem. Ele se demonstrou atencioso com a família, esforçado, prestativo, carinhoso. Meu sol amanheceu quando conheci Miguel.


E será que o sol dele também amanheceu ao me conhecer? Dúvida. Eu não notei nenhum olhar malicioso para os meus seios ou as minhas pernas vindo dele. Mas ele conversou muito comigo, como se quisesse me conhecer. Pegou meu número de telefone e disse que ia me ligar pra gente marcar de sair, eu fiquei calada, não dei resposta, e ele nunca ligou.


O que ele representou pra mim? Vamos analisar isso psicologicamente, diário. Eu tive um fim de semana bastante deprimente, fui ao hospital com vontade de recomeçar, Miguel representou pra mim o fim dos meus problemas, o fim do meu sofrimento, motivo para eu me sentir feliz de novo e ver que a minha vida não acabou porque um amor acabou. Eu que estava deprimida, desiludida e sofrida me empolguei ao conhecer Miguel.


E o que eu representei pra ele? Uma menina aparentemente estudiosa, legal, esforçada, que talvez pudesse dormir na cama dele mais cedo ou mais tarde.


E o que eu sou? Uma mulher displicente, distraída, doente de procrastinação, espalhafatosa, desiludida, carente e movida a um combustível caro: homem.


No meu sonho, eu que sonhei com um amor platônico durante muito tempo iria tocar agora em Miguel e viver um amor concreto. No meu sonho, ele é o cara doce que eu pedi a Deus, esforçado, honesto e responsável. No meu sonho, eu vou conseguir conquistá-lo com a minha mente, ele vai ficar completamente apaixonado, vai me pedir em namoro, eu vou apresentar ele para minha família como meu namorado e aí... viveremos muitos momentos lindos juntos, ele vai tirar minha virgindade, eu vou noivar, casar com ele e teremos dois filhos lindos. No meu sonho, o sonho que eu sonho todo dia e rezo pra que se torne realidade.


E na realidade, eu sou uma pessoa solteira. Encalhada algumas pessoas podem chamar de encalhada, mas eu sou aquele tipo de pessoa que está sempre solteira, que não tem o estímulo, vamos dizer a “natureza” para amar alguém e ser amado. A realidade é que ele é apenas um rapaz muito jovem, sonhador, com sede de conhecer o novo e focado agora principalmente nos estudos. A dura realidade é que a gente nem se vê, nos falamos poucas vezes, que eu procuro o Orkut dele em tudo que é lugar e que ele tem o meu número de telefone e não me liga.


Enquanto eu já estou escolhendo a lingerie para a nossa primeira noite de amor, ele vive normalmente como se nunca tivesse me conhecido.











7 comentários:

  1. Sonhar é bom, é o primeiro passo para convretizar o que desejas. Porém, viva com o pé no chão. Se hoje tens motivos para chorar, sem dúvida amanhã terás motivo para sorrir. Ame a si mesma.

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  2. VC TEM PROBLEMINHAS MENININHA. VC VIVE LEVANDO O PLATONISMO PARA A REALIDADE CEDO DEMAIS. PÉ NO CHÃO E FÉ NA ESTRADA, SÃO AS PALAVRAS QUE TENHO PARA TE DIZER NESSE MOMENTO.

    TEM UM SELO PARA VOCÊ LÁ NO MEU BLOG. PASSA LÁ PRA BUSCAR. E NÃO É UM PEDIDO: É UMA ORDEM!


    http://thebigdogtales.blogspot.com/

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  3. No ínicio passou as emoções psicológicas muito bem, e em outras horas do conto. Está certíssima que o sofrimento é passageiro (e é também necessário), e que podemos encontrar o nosso "segundo sol" como diria Nando Reis a qualquer momento. Mas é claro que não devemos nos entregar de forma tão rápida e desmedida, pois criando tantas expectativas correremos um risco muito grande de sofrer ainda mais do que havíamos sofrido.

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  4. Olá. Obrigada pelos comentários no blog, quanto a sua pergunta. O livro está em torno de uns 21 reais.

    http://www.papel40kg.com/

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  5. Siga em frente!!! Procure outros objetivos que te façam bem!

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  6. amei seu texto muuuuito forte!
    parabéns!
    dá uma passadinha no meu blog? http://viceveersa.blogspot.com/
    bjbj

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  7. Como um bom geminiano que também sou (rsrsrsr) ficou feliz em ver que algo está mudando em seu diário, algo, diria eu, muito importante traduzida em duas palavras: sonho e esperança.

    No início a situação estava mais confusa e você minha querida amiga de várias faces um tanto perdida em meio as fortes emoções. Agora, mesmo que não tenha ainda certeza do futuro que te espera, uma história ao acaso de forma surpreendente te faz novamente sonhar e ter esperanças. Isso ao meu ver é o primeiro passo para traduzir tudo isso em realidade.

    Já que fazem escola técnica juntos, por que não procura ele? Afinal você já esta escolhendo a langerie que usará na primeira noite com Miguel, e quem sabe ele também não esta la imaginando qual peça íntima você estará usando no momento?

    Sucesso pra você minha amiga!

    Abraços Flávio.
    http://www.shitnessbook.blogspot.com

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