Tarde perdida





Querido diário, hoje eu tive uma tarde de cão, tudo deu errado.

Eu tava super empolgada, porque ia tirar os lábios da miséria, tinha umas coisas pra resolver na escola e iria aproveitar pra poder ficar com um cara que conheci ontem no MSN. Na verdade, eu tinha uma lista de homens lindos querendo ficar comigo, e escolhi esse, o nome dele era Alceno.

Por volta das 13h, Alceno me ligou dizendo que não poderia me ver porque iria trabalhar. Ok, não desanimei, liguei pra outro gato chamado Fagner. Esse é irmão de uma professora minha, desejado por todas as meninas da minha escola, e quer ficar comigo há um tempão. Liguei pra ele, ele estava disponível, acertamos tudo. Eu iria encontrar o Fagner.

Quando entrei no ônibus, e comecei a ligar par ele pra dizer que começasse a se arrumar porque eu já estava indo, o celular tava dando fora de área. Eu fiquei indignada, eu disse: Não, não é possível, a VIVO não vai fazer isso comigo.

Cheguei no lugar marcado , e o celular dele só chamava e chamava. Até que alguém atendeu. Era mãe dele dizendo que ele saiu e deixou o celular em casa. Só podia esperar isso mesmo desse vagabundo irresponsável.

Liguei pra Alceno, ele disse que ainda estava no trabalho.

Pra não dar viagem perdida liguei pra outro cara, o nome desse é Dijo. Esse é um lindo, de classe média alta, tem fama de bissexual na praça e demoramos a marcar, porque ele só queria sexo, e eu não queria largar o doce pra ele.

Dessa vez eu não mencionei nada sobre sexo e nem ele. Mas marcamos. Tirei ele de casa. A casa dele é meio longe do local marcado. Liguei pra ele encima da hora, porém mesmo assim, ele se arrumou e foi.

Quando olhei no relógio, era 17h, tava mais do que na hora de ir resolver as coisas que eu tinha pra resolver: pegar meu histórico escolar e a minha faixa de aprovação no vestibular.

O meu histórico eu não pude pegar, porque sou menor de idade, e aqueles maricos só liberam se a pessoa for maior de idade, ou para os pais dos alunos.  Mas um motivo pra falar que a viagem foi perdida.

Depois, fui atrás da minha faixa. Passei pela sala da coordenação, e vi meu ... Naldo. Ele sim, eu me apaixonaria, me entregaria, teria a coragem de amar de novo, com ele eu casaria, faria filho todo dia, teria a coragem de sonhar de novo. Não tive coragem de ir falar com ele, porque a diretora da escola tava bem na porta da coordenação e ele tava ao telefone. Não fui. Ele está muito distante da minha realidade.

Fui pegar minha faixa. O inspetor me parabenizou e me entregou.

Quando sair da escola, Dijo estava lá me esperando. Advinha o que aconteceu, diário?

Ele não quis ficar comigo porque pensava que eu iria pra casa dele pra gente fazer sexo.

Ele disse que em praça não rola porque ele não se sente a vontade, não dá pra fazer nada, que o tempo dele de ficar em praça já passou há muito tempo, e passou uns 30 minutos tentando me convencer a ir pra casa dele.

Diário eu não fui e nunca iria por 3 motivos: primeiro que tenho medo de andar de moto, e ainda mais com ele, que já sofreu um sério acidente de carro; segundo, que eu não estava depilada, eu não fui pronta pra mostrar a txequinha pra ninguém; terceiro, que eu jamais iria transar sem ter um motivo sabe, sem ter uma essência, simplesmente porque o cara é lindo? Não, cara, eu prefiro morrer virgem, me deitar num cachãozinho branco de mulher pura do que transar por transar, e ainda mais com um cara que não iria me ligar no dia seguinte, me chamar de meu amor e assumir namoro, enfim, transar com uma pessoa que não iria ter nenhuma consideração posterior.

Eu disse que iria ligar pra outro cara já que ele não queria ficar em praça, ele disse “ligue aí pra o seu paquerinha pra ficar de beijinho em praça”e se mandou.

Cara, Dijo é lindo, educado, riquinho, tem uma motoca de arraso. Mas eu não sou nenhuma Maria carteira, nem Maria gasolina e nem me rendo por beleza física. Eu quero um amor de verdade. Eu não transei com ele. E não me arrependo.

Voltei a ligar pra Fagner, e o telefone continuou tocando.

É, diário, realmente a tarde foi perdida. Eu saí de lá muito triste, sofrendo por ser virgem, por não ter um namorado fixo, por ter levado 3 tocos.

Se eu tivesse uma buceta aberta pra dar, eu não teria perdido tarde nenhuma, porque ia ter uma fila pra querer comer. Se eu tivesse um namorado fixo, um amor, eu não passaria por isso.

Eu chorei no ônibus, ouvindo som instrumental.

Barra? É, foi uma barra o que eu passei hoje de tarde, o que eu tenho passado, e ainda mais bonita do jeito que eu sou. É um inferno.

Isso é tentação de Deus para que eu pare com essa mania de ficar por ficar, ou tentação do Demônio pra eu virar lésbica de vez.

Acha pouco, diário? Quando cheguei em casa que abri a faixa, tava errada. Colocaram que eu tinha passado em educação física em 17º lugar, enquanto que eu passei em engenharia de materiais em 4º lugar.